Cafezinho

Luciano Pires & Café Brasil Editorial Ltda

Uma pausa para o café com média de 2 minutos e meio de Iscas Intelectuais sobre comportamento, sociedade, política, economia, educação… tudo aquilo que envolve a complexidade de ser humano.

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Cafezinho 621 - Obrigado por me chamar de ignorante
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Cafezinho 621 - Obrigado por me chamar de ignorante
Assine o Café Brasil em https://canalcafebrasil.com.br  Meus escritos são simples, meu português é nada mais que mediano, minhas ideias nunca foram sofisticadas. Mas estou além do entendimento de uma parcela importante dos brasileiros. Nunca me conformei em me nivelar por baixo. Sempre que me dirijo a qualquer pessoa, falando ou escrevendo, procuro estar um degrau acima do que – imagino – seja sua capacidade de compreensão. Falo com uma criança de seis anos como se ela tivesse oito. Um jovem de quinze anos como se tivesse dezoito. Um estudante secundário como se fosse universitário. Acredito que assim eu estimulo a pessoa a subir um degrau. A evoluir. Não consigo tratar adultos como crianças. Ao ver as propagandas políticas, por exemplo, você não tem a impressão de que a qualquer momento o candidato dirá “o titio vai levar você no cinema?” São textos rasos, num linguajar tosco, que deixam claro que para os marqueteiros, povo é um agrupamento de miseráveis ignorantes, analfabetos e incapazes, que devem ser conduzidos da forma mais infantil possível. Aí cabe a musiquinha de fundo, o sotaque caricato, o português errado, os desenhinhos, os exemplos dos miseráveis, os sonhos minúsculos… A coisa só esquenta quando os adversários baixam o nível e começam com os xingamentos: treta!!!! Afinal, qual é o esforço intelectual para perceber que duas pessoas estão se agredindo? Pouquinho, né? Isso é uma pena. Quem nivela por baixo, mantem as pessoas onde estão, fala sempre a partir de um degrau abaixo, dificilmente estimula reflexões que prestam. Usa as técnicas maravilhosas do marketing e da comunicação para manter a mediocridade, caso contrário a turma não entende… Essa infantilização não faz bem para a sociedade. Não ajuda a amadurecer os debates. Não estimula ninguém a crescer. E com nosso sistema educacional falido e os meios de comunicação ricos em fórmulas prontas, essa infantilização colabora para que a mediocridade seja não só mantida, mas incentivada. Seja raso. Não sofistique. Ninguém vai entender. E as consequências estão aí. Afundados na ignorância, incapazes de sair atrás dos estímulos intelectuais, preferimos acreditar nas verdades simplificadas, nas soluções milagrosas simples de entender, sabe como é? Interpretamos os fatos com base em nosso reduzido repertório. Tiramos nossas conclusões superficiais ou apressadas. Atribuímos as conclusões que nós tiramos a um terceiro e depois atacamos esse terceiro por causa da conclusão que nós tiramos. Repare como é isso, especialmente nas mídias sociais. Esta semana perdi um tempo precioso dialogando com um sujeito que entendeu o que eu não escrevi. E quanto mais eu explicava, mais ele interpretava e queria discussão. Quando finalmente desisti e comentei que eu podia explicar para ele, mas não podia entender por ele, o cara respondeu: – Obrigado pela forma carinhosa de me chamar de ignorante. Percebeu? O que para mim era “você pensa diferente”, para ele era “você é um ignorante”. Cada um entende como quer. Ou como pode.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Cafezinho 619 - Don´t make stupid people famous
Apr 12 2024
Cafezinho 619 - Don´t make stupid people famous
Assine o Café Brasil em https://canalcafebrasil.com.br Participe do financiamento coletivo em https://cafecomleitenaescola.com.br Há um texto que circula há tempos pela internet com o título de FILOSOFIA DE VIDA SEGUNDO CHARLES SCHULZ. Schulz é o criador da série Peanuts, aquelas tirinhas com o garoto Charlie Brown e seu cachorro Snoopy. Vamos a ele? O texto propõe um exercício: Enumere as cinco pessoas mais ricas do mundo. Enumere as últimas cinco vencedoras do Miss América. Enumere dez pessoas que ganharam o Prêmio Nobel ou Pulitzer. Enumere as últimas seis pessoas que venceram o Oscar como melhor ator e atriz. Enumere os últimos dez times que venceram a Copa do Mundo dignamente. Como é que você se saiu, hein? A questão é que nenhum de nós se lembra de muitas pessoas que foram manchete no passado. E olhe que nenhum deles chegou em segundo lugar, são os melhores em seus campos de atuação. Prêmios perdem o brilho, conquistas são esquecidas, diplomas e certificados são enterrados com seus donos. Então o autor propõe que mudemos o exercício: Enumere alguns professores que ajudaram você de verdade durante os tempos de escola. Enumere três amigos que te ajudaram durante um período difícil de sua vida. Enumere cinco pessoas que te ensinaram e mostraram coisas valiosas. Pense a respeito das pessoas que te fizeram se sentir valioso e especial. Pense em cinco pessoas com as quais você gosta de estar. É muito mais fácil, né? A lição? As pessoas que realmente fazem diferença na sua vida não são aquelas com as maiores e melhores credenciais, com mais dinheiro, maiores prêmios ou status. Não são aquelas que têm milhares de seguidores ou que aparentam ser as tais. Não são os influencers que aparecem a cada clique. São aquelas que se importaram com você, que lhe deram atenção. Causaram impacto sobre seu futuro. E vão ficar gravadas em sua memória para sempre. Entendeu? As pessoas que verdadeiramente impactam sua vida estão aí do seu lado. Don´t make stupid people famous.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Cafezinho 617 - Mais pedras no lago
Mar 29 2024
Cafezinho 617 - Mais pedras no lago
Assine o Cafezinho em https://canalcafebrasil.com.br  Somos uma sociedade individualista. É cada um por si e seja como Deus quiser. Danem-se os outros. Por isso tudo é tão difícil. Já devíamos ter percebido que a colaboração e a união entre indivíduos que geram impactos positivos são essenciais para o progresso coletivo. Colocar em movimento um círculo virtuoso, em que os melhores estimulam os melhores a produzir o melhor e manter o seu legado, podemos criar uma corrente de influências positivas que se retroalimenta. Eu chamo isso de “pedra no lago”. Alguém joga a pedrinha e as ondas concêntricas se espalham. Aproximar-se de quem faz um trabalho legal não é apenas um ato de reconhecimento do valor desse trabalho, mas uma oportunidade de aprendizado e crescimento pessoal. Quando nos cercarmos de referências em suas áreas, somos estimulados a desenvolver nossas próprias habilidades e a contribuir para a melhoria da sociedade. Isso pode acontecer na educação, com professores apaixonados inspirando seus alunos a buscar o conhecimento não apenas por notas, mas pelo prazer de aprender e crescer. No trabalho, onde líderes visionários incentivam suas equipes a inovar e a buscar soluções que beneficiem a empresa e a sociedade. E na política, onde líderes comprometidos com o bem-estar coletivo podem inspirar uma nova geração a participar ativamente da vida cívica. Mas para esse círculo virtuoso ganhar força, é necessário mais do que só admirar essas pessoas à distância. É preciso engajar-se, participar e contribuir. Isso pode significar dar um like, compartilhar e comentar este vídeo. Se voluntariar para causas nas quais você acredita, participar de grupos de estudo ou de movimentos comunitários, ou simplesmente compartilhar conhecimento e experiências positivas com os que estão à sua volta. Cada um de nós tem algo único a oferecer, e quando unimos nossas forças a outros que também estão empenhados em fazer a diferença, o impacto pode ser imensurável. Não vire as costas para os outros. Não subestime o poder de uma conversa significativa, de um projeto colaborativo ou de um gesto de apoio. Estas são as sementes para uma sociedade mais justa, educada e próspera.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Cafezinho 614 - Abismo cultural
Mar 8 2024
Cafezinho 614 - Abismo cultural
Assine o Café Brasil em https://canalcafebrasil.com.br  Em 2018 estive nos Estados Unidos participando da Winter Conference da National Speakers Association, sobre o futuro das palestras. Assisti dezenas de apresentações, ávido para compreender a visão de futuro que os norte-americanos têm do segmento no qual atuo. Os Estados Unidos estão 10, 20 anos à frente do Brasil no segmento das palestras. São mais organizados, mais comprometidos, mais antenados. E lá pelo meio do evento, ficou claro para mim que as dificuldades que separam o Brasil dos Estados Unidos nesse segmento, não são técnicas, não são formais. Nós temos as mesmas tecnologias que eles, contamos histórias até melhor que muitos deles, somos mais verdadeiros no palco, sabemos como combinar emoção com conteúdo igual ou até melhor que eles. Mas o fosso cultural que nos separa é quase intransponível. Esse fosso não é uma questão de educação formal. Em muitos momentos me vi viajando em meio à discussão, que falavam de proposta de valor, discutiam detalhes de como incorporar mais conteúdo, como criar momentos excepcionais, como entregar mais valor. E quando os clientes, os contratadores de palestras se apresentaram, deixaram claro o que buscavam: profissionais capazes não só de informar, educar e entreter audiências, mas de levar o evento do contratador para suas próprias audiências, de combinar mídias sociais próprias com o evento… eles querem muito mais que uma palestra. Eu ouvindo aquilo tudo e comparando com o Brasil, cara. O que é que a gente discute aqui, hein? Bom. É preço, né?Vendemos e contratamos palestras pelo preço. E só pagamos o preço alto se o palestrante for uma celebridade… Conteúdo? Ah, se for uma celebridade isso nem importa! Em nenhum, eu repito, NENHUM segundo daquele evento de três dias o assunto “preço de palestras” foi mencionado.Aí eu vou alugar um carro e a relação com a empresa está anos luz à frente da nossa relação aqui no Brasil. Vou fechar a conta no hotel. O que eu disse que eu consumi no quarto é o que vale, eles não mandam a camareira verificar. Vou no Museu. Segunda feira. Lotado de estudantes, jovens estudantes. Fui em três museus e vi o mesmo. Um deles, o Museu do Holocausto, numa cidade chamada Richmond, na Virgínia, que tem cerca de 230 mil habitantes. Eu não sei se o Brasil tem quatro museus que possam se comparar àquele da pequena cidade. Construído e mantido por sobreviventes dos Campos de Concentração, que doaram tempo e dinheiro para aquela sociedade.Você percebe a diferença?Sim, eu sei que existem problemas nos Estados Unidos, sim eu encontrei miseráveis, os sem teto pedindo esmolas nas ruas de Baltimore, sim, aquilo não é um paraíso, sim, sim, eu sei… Mas se é só isso que você consegue compreender de tudo que estou dizendo aqui, por favor comece de novo. Dispa-se de sua mistura de inveja com frustração e ódio. Pratique a empatia positiva com os norte-americanos. Transforme essa sua dor de cotovelo em curiosidade, meu… o que é que aqueles caras fazem de tão bom que a gente deveria copiar?Aquela sociedade sabe o que quer. Define regras. E cumpre. E os indivíduos que a compõem sabem disso. Quem quebra regras sabe que sofrerá consequências.Cara, como é óbvio isso...See omnystudio.com/listener for privacy information.
Cafezinho 601 - Os ladrõezinhos
Dec 8 2023
Cafezinho 601 - Os ladrõezinhos
Assine o Café Brasil em https://canalcafebrasil.com.br  Acabo de ler um post no Linkedin dando conta de que todo mundo no mundo do SEO no Twitter estava falando sobre algo interessante: Uma empresa deu um jeito de roubar uma quantidade enorme de tráfego dos seus concorrentes, tipo 3.6 milhões de visitas! A empresa pegou uma lista de sites dos concorrentes, botou numa IA que cria textos e gerou 1.800 artigos. Aí eles postaram esses 1.800 textos sem editar nada, e rapidinho começaram a aparecer nos primeiros lugares no Google, roubando os cliques que eram dos concorrentes. Muita gente ficou meio chateada ou preocupada com o rumo que essa estratégia pode tomar se outras empresas começarem a fazer a mesma coisa em grande escala. Os comentários iam desde "Isso não é meio errado?" até "Outro maluco bagunçando a internet". A pessoa que fez o post disse assim: “Foi então que percebi que, apesar de parecer ser uma estratégia que pode gerar resultados de curto-médio prazo, um fator que não foi levado em consideração foi o próprio Google. O Google está (como sempre esteve) evoluindo diariamente justamente para evitar que esse tipo de conteúdo "vazio" tenha força no seu algoritmo. Anos atrás, as pessoas postavam conteúdos rasos e escondiam palavras-chave no artigo (escritas em branco, no fundo branco), para que o algoritmo o rankeasse bem. Isso funcionou por um pequeno período, até o Google perceber e começar a penalizar. (...) E, trabalhando com SEO há quase 10 anos, tenho a certeza de que rapidinho o Google vai começar a penalizar este tipo de conteúdo.” Os formatos de "conteúdo que funciona" podem mudar com o tempo, mas uma coisa continua a mesma: o conteúdo tem que ser bom. Eu não resisti e coloquei um comentário assim lá no post: “Considero que isso não tem nada a ver com conteúdo de qualidade. Estão reduzindo uma questão moral e ética fundamental a uma questão técnica, como se o fundamental, não fosse o "roubar tráfego". A internet está repleta de gente ensinando como se apropriar do trabalho dos outros, como roubar cadastros, como "modelar" vídeos de terceiros e assim vai. Com a Inteligência Artificial isso ficará mais fácil. Não existe mais barreira moral, vale tudo desde que você não seja pego. E esses ladrõezinhos ganham prêmios de "Best Isso", "Best aquilo", são convidados para apresentar seu "modelo de negócios" em eventos do mundo digital. Tudo bem, se me convém. A resposta está em Platão, Aristóteles, Sêneca, não no Google.  See omnystudio.com/listener for privacy information.
Cafezinho 600 – Falando merda
Dec 1 2023
Cafezinho 600 – Falando merda
Assine o Café Brasil em https://canalcafebrasil.com.br  Cara, 600 episódios do Cafezinho! O primeiro foi publicado em quatro de setembro de 2017. E o texto dele era assim: O que é que leva alguém a falar bobagem em público? Em primeiro lugar vem a ignorância. O sujeito desconhece o assunto, abre a bocarra e dá sua opinião superficial. É na praia da ignorância que nadam dezenas de influenciadores digitais. A burrice é outro ponto. O burro tem certeza de que sabe o que não sabe. E, pior, não aprende! Como dizia Nelson Rodrigues: A ignorância é o desconhecimento dos fatos e das possibilidades. A burrice é uma força da natureza. O outro ponto é a soberba, a manifestação de superioridade sobre outras pessoas, que tem a ver com orgulho, pretensão, arrogância, altivez e autoconfiança exagerada. Nesta praia, a da soberba, também nadam muitos influenciadores digitais, mas mais ainda muitas personalidades da mídia. E tem o estratégico, que fala bobagem intencionalmente. O comentarista Milton Neves, por exemplo. Ele faz questão de falar bobagem sobre times e torcidas, para agitar os ânimos e ganhar audiência. E consegue! Sabe outro magistral falador de bobagem? Donald Trump… Por fim, a canalhice. O sujeito sabe que o que está falando é bobagem, e fala mesmo assim, na intenção de obter algum resultado. Esses são os piores, pois não têm a ingenuidade da ignorância ou da soberba, nem a intenção puramente pragmática do estratégico. São canalhas, querem vantagem para si e os outros que se explodam. E é complicado lidar com eles. A má fé e a canalhice fazem parte da arte de falar bobagem. A arte de falar bobagem envolve ou ignorância, ou burrice, ou soberba, ou estratégia ou canalhice. Da próxima vez que você se deparar com alguém falando bobagem, tente enquadrá-lo numa dessas categorias. Ficará mais fácil evitar que seu ouvido vire penico. Pois bem, 600 cafezinhos depois, não tenho medo de dizer: aumentou exponencialmente a quantidade de gente falando merda. E aumentou mais ainda a quantidade de gente seguindo gente que fala merda. Quer saber? Ambos se merecem. Obrigado a você que tem prestigiado meu cafezinho. Aqui é um esforço diário para não falar merda. Não porque eu seja melhor que os outros. É porque eu respeito profundamente a sua inteligência.   https://youtu.be/LLB0bFZO_aQSee omnystudio.com/listener for privacy information.